sábado, 24 de maio de 2014

Central de Flagrantes de PHB; um desastre

POLICIAIS CIVIS E SOCIEDADE sofrem com abandono e descaso; 180graus foi até o local

Na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí e terra do governador Zé Filho (PMDB), a situação da segurança pública está um caos. Assim como em todo o estado, as delegacias e Centrais de flagrantes estão sucateadas. Sem água, sem higiene, 'sem segurança', com algumas partes sem teto, e principalmente sem gente para trabalhar, o local vive uma situação difícil, e os próprios funcionários mesmo com medo de aparecer constatam a difícil e precária realidade.
O 180graus após receber várias denúncias, foi até a Central de Flagrantes de Parnaíba e pôde ver de perto a situação em que se encontra o local que deveria ter no mínimo uma segurança efetiva, pois a maneira como o local está sendo gerido, a qualquer momento presos podem debandar uma fuga em massa e causar danos aos poucos agentes presentes.
“Falta tudo aqui para nós, não temos bebedouro, não temos quem forneça alimentação, não temos nossa segurança preservada, e a estrutura onde trabalhamos é a mais precária possível, nem banheiro aqui nós temos”, desabafou um dos agentes que trabalha na Central e que não quis ser identificado.
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Além de tudo, falta limpeza dentro do terreno. Tanto nas laterais do velho casarão quanto nos fundos, o que se vê é a grande quantidade de matos e uma pequena lagoa, que está sendo ‘cultivada’ pelos mosquitos transmissores da dengue.
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CENTRAL ESTÁ SUPERLOTADA
A equipe do 180graus esteve no local em um intervalo de mais três horas, e segundo a delegada plantonista Maria de Jesus, as poucas celas que deveriam receber no máximo oito presos, ou melhor, não deveriam nem se quer receber nenhum preso, como relatou os policiais, está comportando atualmente cerca de 28, um número cada que cada vez mais cresce.
Durante o tempo em que estivemos no local, mais dois presos chegaram na Central e ficaram detidos. Um deles estava sendo acusado de roubar um Playstation 2, e o segundo preso que chegou por volta das 11h, estava sendo acusado de assassinar um jovem à facadas nas proximidades da Central.
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Uma das principais reivindicações dos poucos policiais que estão lotados naquela cidade é justamente em relação ao pouco número de PM’s. Muitos deles extrapolam seus horários de trabalho semanal e são chamados a trabalhar aos fins de semana e feriados, fora de seus plantões.
Segundo a delegada, a Central funciona normalmente mesmo com as condições que apresenta. “Funciona tudo normalmente, mas nós corremos risco aqui na Central, mas nós funcionários públicos vivemos sob uma hierarquia, não podemos fazer nada”, disse.
A demanda de presos é exorbitante. Atualmente o local recebe presos de mais de dez cidades do Piauí, entre elas as cidades de Cocal do Alves, Cocal da Estação, Caxingó, Caraúbas, Buriti dos Lopes, Bom Principio do Piauí, Cajueiro da Praia, Luís Correia e Ilha Grande do Piauí. Mesmo com a grande demanda, o local não deixa de receber infratores.
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DELEGADA NÃO ESTAVA NO PLANTÃO
Outra irregularidade constatada durante a visita à Central de Flagrantes diz respeito ao cumprimento de horário dos agentes. Ao chegarmos no local e procurado pela delegada, que no caso seria a plantonista Maria de Jesus, ninguém soube informar seu paradeiro. Diversas ligações foram feitas, mas todas caiam na caixa de mensagens e outras não eram atendidas.
O plantão de Maria de Jesus, que na verdade é a delegada responsável pela delegacia da mulher, deveria começar na 0h de sexta-feira. Mesmo com a grande demanda de pessoas, entre elas o pai do rapaz que foi morto nas proximidades da Central, e que aguardava uma assinatura da delegada para ter a liberação do corpo do filho, Maria de Jesus só chegou na delegacia por volta das 12h de sábado.
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Segundo os funcionários da Central, a situação já é corriqueira, e a população costumou a conviver sem a presença de delegado no local.
POPULARES TEM ACESSO LIVRE AS DEPENDÊNCIAS
No interior da Central de Flagrantes qualquer pessoa tem acesso aos presidiários. Foi o que se constatou quando alguns familiares de presidiários se deslocaram às celas para levar comida e bebida aos parentes. Todos os homens e mulheres que entravam, passavam sem serem revistados e o risco era eminente, visto a possibilidade de estarem conduzindo algum entorpecente ou arma para os detidos.
Segundo a delegada Maria de Jesus, situações de revolta entre os presos são comum. “Uma vez um preso arrebentou uma grade aí e tentou fugir. Os policiais tiveram que se agarrar com ele para impedir sua fuga”.
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Ela afirma que nada pode fazer é que o governo sabe das condições mas até o momento nada de efetivo foi feito na estrutura do local, e situação de medo é constante. “Quando eu venho para cá eu me benzo”, concluiu.
TODOS OS DISTRITOS REUNIDOS EM UM PRÉDIO SÓ
Ainda segundo Maria de Jesus, uma ação do governo iniciada na gestão de Wilson Martins (PSB) pretende reformar uma escola que está desativada em Parnaíba, e após reformada transferir todos os distritos para o mesmo local. Segundo ela, seria uma atitude que colocaria vários usuários em risco, já que todos os gêneros passariam a circular no mesmo local.
“O governo está planejando levar todos os distritos para um prédio só. Isso pra mim é ruim porque com isso você terá homens, mulheres, idosos, crianças, assassinos, mulher violentada, criança abusada, tudo isso em um ambiente só, e muitas vezes as pessoas não querem ser vista. Eu só não sei quando esta transferência vai acontecer, mas está prevista”, relata.
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PREFEITURA FOI ASSALTADA, ATÉ O PREFEITO DE REFÉM
Para constatar a falta de segurança na cidade e o despreparo dos poucos agentes que lá se encontram, uma quadrilha fez um verdadeiro arrastão na sede da prefeitura de Parnaíba. A ação durou cerca de duas horas, tempo em que ficaram os 16 reféns dentro do gabinete em poder de parte da quadrilha. Até mesmo o prefeito Florentino Neto (PT) estava rendido. Os assaltantes tinham como alvo principal os terminais de autoatendimento bancários localizados no prédio.
Enquanto assaltavam, os acusados zombavam da falta de segurança e pela facilidade que tiveram em ter acesso às dependências do prédio. Até o momento somente alguns acusados foram presos.
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Edição:Erisvelton lira
Fonte;180 GRAUS

 

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