POLICIAIS CIVIS E SOCIEDADE sofrem com abandono e descaso; 180graus foi até o local
Na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí e terra do governador Zé
Filho (PMDB), a situação da segurança pública está um caos. Assim como
em todo o estado, as delegacias e Centrais de flagrantes estão
sucateadas. Sem água, sem higiene, 'sem segurança', com algumas partes
sem teto, e principalmente sem gente para trabalhar, o local vive uma
situação difícil, e os próprios funcionários mesmo com medo de aparecer
constatam a difícil e precária realidade.
O 180graus
após receber várias denúncias, foi até a Central de Flagrantes de
Parnaíba e pôde ver de perto a situação em que se encontra o local que
deveria ter no mínimo uma segurança efetiva, pois a maneira como o local
está sendo gerido, a qualquer momento presos podem debandar uma fuga em
massa e causar danos aos poucos agentes presentes.
“Falta tudo
aqui para nós, não temos bebedouro, não temos quem forneça alimentação,
não temos nossa segurança preservada, e a estrutura onde trabalhamos é a
mais precária possível, nem banheiro aqui nós temos”, desabafou um dos
agentes que trabalha na Central e que não quis ser identificado.
Além
de tudo, falta limpeza dentro do terreno. Tanto nas laterais do velho
casarão quanto nos fundos, o que se vê é a grande quantidade de matos e
uma pequena lagoa, que está sendo ‘cultivada’ pelos mosquitos
transmissores da dengue.
CENTRAL ESTÁ SUPERLOTADA
A
equipe do 180graus esteve no local em um intervalo de mais três horas, e
segundo a delegada plantonista Maria de Jesus, as poucas celas que
deveriam receber no máximo oito presos, ou melhor, não deveriam nem se
quer receber nenhum preso, como relatou os policiais, está comportando
atualmente cerca de 28, um número cada que cada vez mais cresce.
Durante
o tempo em que estivemos no local, mais dois presos chegaram na Central
e ficaram detidos. Um deles estava sendo acusado de roubar um
Playstation 2, e o segundo preso que chegou por volta das 11h, estava
sendo acusado de assassinar um jovem à facadas nas proximidades da
Central.
Uma
das principais reivindicações dos poucos policiais que estão lotados
naquela cidade é justamente em relação ao pouco número de PM’s. Muitos
deles extrapolam seus horários de trabalho semanal e são chamados a
trabalhar aos fins de semana e feriados, fora de seus plantões.
Segundo
a delegada, a Central funciona normalmente mesmo com as condições que
apresenta. “Funciona tudo normalmente, mas nós corremos risco aqui na
Central, mas nós funcionários públicos vivemos sob uma hierarquia, não
podemos fazer nada”, disse.
A demanda de presos é exorbitante.
Atualmente o local recebe presos de mais de dez cidades do Piauí, entre
elas as cidades de Cocal do Alves, Cocal da Estação, Caxingó, Caraúbas,
Buriti dos Lopes, Bom Principio do Piauí, Cajueiro da Praia, Luís
Correia e Ilha Grande do Piauí. Mesmo com a grande demanda, o local não
deixa de receber infratores.
DELEGADA NÃO ESTAVA NO PLANTÃO
Outra
irregularidade constatada durante a visita à Central de Flagrantes diz
respeito ao cumprimento de horário dos agentes. Ao chegarmos no local e
procurado pela delegada, que no caso seria a plantonista Maria de Jesus,
ninguém soube informar seu paradeiro. Diversas ligações foram feitas,
mas todas caiam na caixa de mensagens e outras não eram atendidas.
O
plantão de Maria de Jesus, que na verdade é a delegada responsável pela
delegacia da mulher, deveria começar na 0h de sexta-feira. Mesmo com a
grande demanda de pessoas, entre elas o pai do rapaz que foi morto nas
proximidades da Central, e que aguardava uma assinatura da delegada para
ter a liberação do corpo do filho, Maria de Jesus só chegou na
delegacia por volta das 12h de sábado.
POPULARES TEM ACESSO LIVRE AS DEPENDÊNCIAS
No interior da Central de Flagrantes qualquer pessoa tem acesso aos presidiários. Foi o que se constatou quando alguns familiares de presidiários se deslocaram às celas para levar comida e bebida aos parentes. Todos os homens e mulheres que entravam, passavam sem serem revistados e o risco era eminente, visto a possibilidade de estarem conduzindo algum entorpecente ou arma para os detidos.
Segundo a delegada Maria de Jesus, situações de revolta entre os presos são comum. “Uma vez um preso arrebentou uma grade aí e tentou fugir. Os policiais tiveram que se agarrar com ele para impedir sua fuga”.
Ela
afirma que nada pode fazer é que o governo sabe das condições mas até o
momento nada de efetivo foi feito na estrutura do local, e situação de
medo é constante. “Quando eu venho para cá eu me benzo”, concluiu.
TODOS OS DISTRITOS REUNIDOS EM UM PRÉDIO SÓ
Ainda
segundo Maria de Jesus, uma ação do governo iniciada na gestão de
Wilson Martins (PSB) pretende reformar uma escola que está desativada em
Parnaíba, e após reformada transferir todos os distritos para o mesmo
local. Segundo ela, seria uma atitude que colocaria vários usuários em
risco, já que todos os gêneros passariam a circular no mesmo local.
“O
governo está planejando levar todos os distritos para um prédio só.
Isso pra mim é ruim porque com isso você terá homens, mulheres, idosos,
crianças, assassinos, mulher violentada, criança abusada, tudo isso em
um ambiente só, e muitas vezes as pessoas não querem ser vista. Eu só
não sei quando esta transferência vai acontecer, mas está prevista”,
relata.
PREFEITURA FOI ASSALTADA, ATÉ O PREFEITO DE REFÉM
Para
constatar a falta de segurança na cidade e o despreparo dos poucos
agentes que lá se encontram, uma quadrilha fez um verdadeiro arrastão na
sede da prefeitura de Parnaíba. A ação durou cerca de duas horas, tempo
em que ficaram os 16 reféns dentro do gabinete em poder de parte da
quadrilha. Até mesmo o prefeito Florentino Neto (PT) estava rendido. Os
assaltantes tinham como alvo principal os terminais de autoatendimento
bancários localizados no prédio.
Enquanto assaltavam, os acusados
zombavam da falta de segurança e pela facilidade que tiveram em ter
acesso às dependências do prédio. Até o momento somente alguns acusados
foram presos.
Edição:Erisvelton lira
Fonte;180 GRAUS
Nenhum comentário:
Postar um comentário